Os preparativos para a viagem à Roma têm me tomando certo tempo. E pra ficar mais divertido, temos ainda dois casamentos para ir, até lá. Dá pra imaginar a correria, né?
Well, o meu amigo
Leonardo inventou a moda de confessarmos no blog os nossos mais profundos anseios, através do projeto
Meu Sonho Possível. Tá bom, eu também achei que o título ficou a cara do Sílvio Santos. Alguém aí se lembra do "Portas da Esperança"??? Ué, quem sabe não vira um... Afinal, vai que o meu sonho de flanar por aí num
Bugatti sensibilize os vossos corações e vocês não resolvam fazer uma vaquinha? OK: melhor um rebanho. E grande, por sinal.
Devaneios à parte...
Quando eu era pequena, sonhava em ser vigia de supermercado, porque achava que isso me daria o direito de comer todas as guloseimas disponíveis. E de grátis. Tudo bem, eu tinha 6, 7 anos, vamos dar um desconto.
Meu primeiro sonho do qual eu tenho lembrança foi uma boneca. Chamava-se "Meu Bebê" e, como o nome já diz, era um bebezinho careca com um fiapinho de cabelo preso numa fita rosa, todo fofo. Era vendido em três tamanhos, mas mamãe não tinha condições de comprar nem o mais "inho". Lógico que eu, pequenucha que era, não entendia bem isso. Daí que eu cheguei a ficar meio doente por causa do diacho da boneca. As amiguinhas que tinham levavam para eu brincar, mas quando iam embora a choradeira vinha acompanhada da febre. Criança tem dessas coisas. Lembro até hoje da felicidade que senti ao avistar aquele bonecão na caixa, atrás da porta de vidro da sala de nossa antiga casa. E mais: da emoção que fez mamãe esconder lágrimas atrás dos óculos. Descobri então o porque de tantas noites atravessadas em frente à máquina de costura. Ela pagou meu sonho com sua costura, seu sono e seu cansaço.
Depois eu desejei, e muito, ter uma bicicleta. Com oito anos de idade, eu mal parava em cima de uma. Foi a febre da Caloi Cross e de pular rampinha na rua de terra. Já eram tempos melhores e meu irmão ganhou a sua, toda cromada. Já as das meninas vinham com detalhes em rosa, um luxo. Então, eis que meu pai, de surpresa, me dá uma Cecizinha azul, com cestinha e tudo. Mas não há limites para um sonho: arranquei cestinha, pára-lamas, depenei a magrela e fui pular rampa. Caí, me esfolei toda, detonei (mais) a bendita Cecizinha e ainda tomei uns cascudos. Tudo sob os risinhos disfarçados do meu irmão, óbvio.
Quando era adolescelente, eu e uma amiga muito porra louca trabalhávamos numa revenda de computadores e passávamos as tardes idealizando o dia em que compraríamos as nossas
Harley Davidson nas quais rodaríamos o país. Ver uma moto dessas, me faz lembrar do sonho dessa amiga, em ser aeromoça. Se atingiu sua meta, não sei, pois perdemos contato. Hoje eu desejaria bem mais termos continuado nossa amizade.
Mas a gente cresce e alguns sonhos crescem junto, outros ficam pelo caminho. O sonho da banda, de tocar na TV, de fazer sucesso foi um dos que deram em nada. Foi bom, tive o sucesso que a pequena cidade de 40 mil habitantes poderia me dar. Senti pelo meu irmão quando decidi descer do bonde, mas felizmente, ele não deixou a sua parte nesse sonho morrer. E eu ainda hei de ter o gosto de entrar numa loja para comprar um CD dele.
Sonho em morar numa casa, cercada de redes, com jardim e churrasqueira. Quem sabe com um ou dois labradores, mas daí seria exigir demais, principalmente do Jr que não é lá muito fã dos pulguentos.
Sonho em vencer o medo de aprender a nadar, em cozinhar de verdade, em fazer salto livre.
Sonho com a possibilidade de rever minha irmã, ou, pelo menos, descobrir o que de fato aconteceu.
Sonho com meu filho e meus sobrinhos gente feita, batalhando pelo seu espaço e vencendo. É, mas daí esse sonho já não depende só de mim.
Há sonhos que se tornam bem maiores do que seus sonhadores. E hoje posso dizer, sem sombra de dúvida, que meu maior sonho eu realizei no dia em que vi meu filho pela primeira vez.
Ainda restam alguns sonhos, pequenos objetos de desejo e realização. Desejo muito voltar a estudar, algo ligado à criação e artes visuais ou fotografia. Sonho em fazer mestrado, doutorado e tudo o que se tem direito. Voltar ao mercado de trabalho, mas do meu jeito, fazendo algo que eu realmente goste e que não me roube demais do meu filho e do meu marido. Sonho em melhorar a minha qualidade de vida, comer direito, praticar mais exercícios, ser mais saudável. Sonho em falar direito inglês e aprender mais um idioma. Sonho em envelhecer fazendo bolo para os netos e caminhar de mãos dadas com o Jr até meus últimos dias.
Nada de impossível. Pois impossível mesmo é não sonhar, não desejar, não querer.
Quem sabe a
Rê, a
Yara, a
Dani e o
tio Sean não nos contam também os seus mais íntimos anseios???
E vamos abrir as Portas da Esperança!