27.6.06

Bilhete


"Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados

Deixa em paz os passarinhos

Deixa em paz a mim!

Se me queres,

enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,

que a vida é breve,
e o amor mais breve ainda..."

Mário Quintana

23.6.06

O Profeta


Vossos filhos não são vossos filhos.

São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma.
Vêm através de vós, mas não de vós.
E embora vivam convosco, não vos pertencem.
Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos,
Porque eles têm seus próprios pensamentos.
Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas;
Pois suas almas moram na mansão do amanhã,
Que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho.
Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós,
Porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados.
Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas.
O arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com toda a sua força
Para que suas flechas se projetem, rápidas e para longe.
Que vosso encurvamento na mão do arqueiro seja vossa alegria:
Pois assim como ele ama a flecha que voa,
Ama também o arco que permanece estável.

Gibran Kalil Gibran

20.6.06

Neruda



"Se cada dia cai, dentro de cada noite,

há um poço
onde a claridade está presa.

Há que sentar-se na beira
do poço da sombra

e pescar luz caída

com paciência."


Pablo Neruda (Últimos Sonetos)