9.8.06

Diga onde você vai, que eu vou varrendo

Não sei se já falei antes, mas eu moro numa vila militar. Construções da década de 50, made in Niemeyer, que por sinal devia ter alguma coisa contra crianças. A maioria das casas tem escadas enooooormes, com paredes e mais paredes de vidro. Um prato cheio para vocês sabem o que.

O bacana, é que todas as casas tem jardim e a vila é repleta de espaços verdes, com árvores bem mais antigas do que nós todos juntos. Tá bom, quase todos juntos.

Partilhamos com nosso vizinho de uma dessas espécimes, a qual até hoje não sabemos se é um Flamboyant ou não.
Veio a primavera, e nossa antiga irmã começou a despejar baldes de suas lindas flores vermelho-alaranjadas por toda a frente de casa. Quando elas cobrem o chão, pode-se até imaginar uma poética fotografia. Mas quando vem os torós de verão, você olha para fora e vê aquele misto daquilo que antes eram flores, folhas, mais uma gosma que elas soltam - e que gruda como chiclete - e toda a poesia vai embora. Na época, eu que estava grávida e não tinha ajudante, de pazinha e vassoura na mão, me consolava com o pensamento de que aquilo acabaria ao final do verão.

Mas veio o outono e não acabou. Estamos no segundo inverno por aqui e ainda não me conformei com a árvore sujona. Agora entendo bem o porque do outro vizinho ter um decorativo banco com raízes bem no meio do seu gramado. :o/

Cruel eu? Fala isso porque não é na frente da SUA casa.

Porém, todo mês de agosto, nossos vizinhos recebem a visita de seus parentes. Os parentes são deles, mas a espera é nossa. É que o pai do meu vizinho, um senhor muito querido, tem verdadeira mania de arrumação (quem dera eu fosse assim!). Não há uma só manhã em que eu acorde e não dê de cara com uma frente de casa toda limpinha. O dia mal chega, já vai ele com sua vassoura de piaçava e a pazinha. Detalhe: ele varre a frente da casa do filho, da minha e de mais uns dois ou três vizinhos.

Semana passada acordei já com o pensamento em criar vergonha na cara e chamar o jardineiro para podar os "periquitos" que já estavam numa baita crise existencial, crentes de que eram trepadeiras. Adivinhem? Eles já estavam aparadinhos, lindos lá no canteiro... Será que além de organizado, o vovô também é vidente???

E não tem sábado, nem domingo, nem feriado. Logo que o sol desponta, já se escuta o barulhinho da vassoura do "Vovôvarrendo".

Bem que ele podia se mudar de vez para cá. :p

1 Comments:

Blogger Ana said...

Delícia estas histórias de jardins, vizinhos e teu mau humor com o gramado cheio de flores!
Em tempos de cidades de concreto, engarrafamentos e violência, não deixa de ser um privilégio, esta tua convivência com a natureza e com a vizinhança! Heheheheh!

11:26 AM  

Post a Comment

<< Home