Mães especiais para crianças especiais
Ontem (04/09), assistia ao programa da Ana Maria Braga enquanto dava de mamar ao Pipe e fiquei emocionada com a entrevista dada pela atriz Isabel Fillardis sobre seu filho Jamal, que nasceu com a Síndrome de West. A sua forma positiva de encarar a doença - e por que não dizer corajosa - me fez pensar nas milhares de mães espalhadas ao redor do mundo que convivem diariamente com algum tipo de limitação em seus filhos.
Quando eu ainda era uma menina, me lembro que havia uma senhorinha, já idosa e bem pequenina de estatura, a qual eu sempre via passar amparando o filho que mal conseguia se manter de pé, devido ao atrofiamento de seus membros, causado - hoje eu sei, antes não fazia idéia - por uma paralisia cerebral. Com o tempo, o menino foi se tornando moço, bem maior que sua mãe. Ela caminhava arcada para a frente com muita dificuldade, enquanto segurava os braços do filho cruzados em seu pescoço, num esforço que comovia só de olhar. Um tempo depois fui descobrir que essa senhora passava pela avenida diariamente para levar o menino à unidade da APAE local. Infelizmente, naqueles dias a instituição ainda não contava com o transporte para os alunos e essa senhora, carente como era, certamente não tinha condições de comprar uma cadeira de rodas para carregar seu filho. Eu como criança, por vezes em brincadeiras na rua ou voltando da escola, sempre os encontrava. E de todos esses encontros, o que mais ficou gravado na minha memória foi o olhar sofrido, porém resoluto daquela mãe e sua paciência para com as limitações do filho. Como quem caminha levando dentro de si uma dor aguda, mas que sabe que mesmo assim deve continuar. Já dele, guardo o sorriso: ele sempre sorria. Na maioria das vezes, para ela.
Ouvindo o depoimento da Isabel, me questionei o quão deve ser difícil para uma mãe receber a notícia de que seu filho tem algum problema com o qual terá que conviver pelo resto da vida. Afinal, faz parte do nosso instinto materno querer, a qualquer custo, proteger nossos filhos de tudo o que lhes possa causar mal. Imagino que a isso se deva o sentimento de impotência que se segue a um notícia como essa. O medo de não suportar o sofrimento - deles e o nosso próprio - faz com que muitas mães se desesperem de forma a precisar elas também de ajuda externa. Leva-se um tempo até a assimilação completa do fato e eu acho que é legítimo a mãe chorar sua dor, expurgar seus fantasmas, para que se sinta completa e plena novamente para que assim, possa se dedicar ao filho.
Mães de crianças especiais são igualmente especiais. Reside nelas a perseverança e a coragem de encarar que as coisas não sairam como planejadas, mas que nem por isso deixarão de dar certo. São elas que oferecerão suas vidas por um sorriso, a pele por um aceno de mão, anos e anos por um passinho do filhos, mesmo que este jamais volte a se repetir. É nas pequenas coisas do dia a dia, detalhes do desenvolvimento dos nossos filhos que por vezes nos passam despercebidos, que essas verdadeiras fortalezas vivas concentram todos os seus esforços e de onde tiram suas maiores recompensas.
Não quero dizer com isso que essas mesmas atitudes vindas de uma criança saudável não sejam dignas de comemoração e motivo de orgulho para os pais. Falo da diferença entre interpretar isso como parte do desenvolvimento natural ou como uma barreira - por vezes dita como invencível - a ser transposta. Se como mães e pais, somos um ponto de referência para nossos filhos, pais de uma criança especial tem uma responsabilidade ainda maior: a de vencer seus próprios medos e preconceitos e dar a seus filhos o exemplo da superação.
Certa vez, uma senhora que muito me ajudou no início da amamentação, disse que devemos ter sempre em mente que as "conquistas dos nossos filhos são compatíveis ao tamanho (entenda-se também idade) deles e não ao nosso". E, ninguém melhor do que a mãe de uma criança especial para saber o verdadeiro significado dessa frase. Acho que esse foi o meu primeiro grande aprendizado como mãe: saber respeitar o tempo certo do meu filho, sem expectativas, sem temores. Apenas com a curiosidade de uma criança que espera aquele botão no jardim desabrochar numa linda flor.
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Para conhecer mais e ajudar: A Força do Bem e APAE
Quando eu ainda era uma menina, me lembro que havia uma senhorinha, já idosa e bem pequenina de estatura, a qual eu sempre via passar amparando o filho que mal conseguia se manter de pé, devido ao atrofiamento de seus membros, causado - hoje eu sei, antes não fazia idéia - por uma paralisia cerebral. Com o tempo, o menino foi se tornando moço, bem maior que sua mãe. Ela caminhava arcada para a frente com muita dificuldade, enquanto segurava os braços do filho cruzados em seu pescoço, num esforço que comovia só de olhar. Um tempo depois fui descobrir que essa senhora passava pela avenida diariamente para levar o menino à unidade da APAE local. Infelizmente, naqueles dias a instituição ainda não contava com o transporte para os alunos e essa senhora, carente como era, certamente não tinha condições de comprar uma cadeira de rodas para carregar seu filho. Eu como criança, por vezes em brincadeiras na rua ou voltando da escola, sempre os encontrava. E de todos esses encontros, o que mais ficou gravado na minha memória foi o olhar sofrido, porém resoluto daquela mãe e sua paciência para com as limitações do filho. Como quem caminha levando dentro de si uma dor aguda, mas que sabe que mesmo assim deve continuar. Já dele, guardo o sorriso: ele sempre sorria. Na maioria das vezes, para ela.
Ouvindo o depoimento da Isabel, me questionei o quão deve ser difícil para uma mãe receber a notícia de que seu filho tem algum problema com o qual terá que conviver pelo resto da vida. Afinal, faz parte do nosso instinto materno querer, a qualquer custo, proteger nossos filhos de tudo o que lhes possa causar mal. Imagino que a isso se deva o sentimento de impotência que se segue a um notícia como essa. O medo de não suportar o sofrimento - deles e o nosso próprio - faz com que muitas mães se desesperem de forma a precisar elas também de ajuda externa. Leva-se um tempo até a assimilação completa do fato e eu acho que é legítimo a mãe chorar sua dor, expurgar seus fantasmas, para que se sinta completa e plena novamente para que assim, possa se dedicar ao filho.
Mães de crianças especiais são igualmente especiais. Reside nelas a perseverança e a coragem de encarar que as coisas não sairam como planejadas, mas que nem por isso deixarão de dar certo. São elas que oferecerão suas vidas por um sorriso, a pele por um aceno de mão, anos e anos por um passinho do filhos, mesmo que este jamais volte a se repetir. É nas pequenas coisas do dia a dia, detalhes do desenvolvimento dos nossos filhos que por vezes nos passam despercebidos, que essas verdadeiras fortalezas vivas concentram todos os seus esforços e de onde tiram suas maiores recompensas.
Não quero dizer com isso que essas mesmas atitudes vindas de uma criança saudável não sejam dignas de comemoração e motivo de orgulho para os pais. Falo da diferença entre interpretar isso como parte do desenvolvimento natural ou como uma barreira - por vezes dita como invencível - a ser transposta. Se como mães e pais, somos um ponto de referência para nossos filhos, pais de uma criança especial tem uma responsabilidade ainda maior: a de vencer seus próprios medos e preconceitos e dar a seus filhos o exemplo da superação.
Certa vez, uma senhora que muito me ajudou no início da amamentação, disse que devemos ter sempre em mente que as "conquistas dos nossos filhos são compatíveis ao tamanho (entenda-se também idade) deles e não ao nosso". E, ninguém melhor do que a mãe de uma criança especial para saber o verdadeiro significado dessa frase. Acho que esse foi o meu primeiro grande aprendizado como mãe: saber respeitar o tempo certo do meu filho, sem expectativas, sem temores. Apenas com a curiosidade de uma criança que espera aquele botão no jardim desabrochar numa linda flor.
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Para conhecer mais e ajudar: A Força do Bem e APAE
8 Comments:
Olá, sou mãe de uma criança especial e entrei aqui por acaso.
Li o artigo e gostei muito. Vc tem uma visão certa do que significa ter um filho especial. Pena que todas as pessoas não consigam enxergar como você, se isso acontecesse o mundo para os deficientes seria muito melhor.
Escrevi um livro _ A Trajetória de uma Mãe Especial e ao mesmo tempo represento milhares de mães especiais que estão quetinhas em suas casas com seus filhos e suas dores....
deixarei meu e-mail e site caso queira um contato.
antoniayama@gmail.com
www.umamaeespecial.com.br
Abraços
ola... sou também uma mãe especial. Tive meu filho aos 18 anos com P.C. ainda não terminei meu livro, mas resolvi fazer da dor o Amor.Marcelo faleceu há 13 anos aos 14 anos de idade . Hj sou Presidente de uma Apae na minha cidade no R.G. do Sul e com meu trabalhop(sou terapeuta floral,reikiana master e comunicadora) resolvi virar a mesa.Com muito amor incondicional assumi uma Apae problemática e hj somos exemplo no estado dedeterminação e auxílio gratuíto a 83 portadores.
Acho que o acaso nãoe xiste. porecisava te ler e ler a Antônia. Respeito todas as mãe e todas as dores...A dor existe, mas o sofrimento é opcional. Existem mais de 2500 Apaes no brasil e o GOV. federal não dá a mínima..Infelizmente somos pequenas "Aldeias de Luz" irradiando amor..um beijo grande na palma da mão e adorei ter te encontrado!:)
http://aldeia.festim.net
Laura Helena
oi, também sou uma mãe especial, tenho trinta anos e um campeao de sete anos, pc, sequela de uma cirurgia cardiaca, com o tempo, passada a dor surgem as respostas, hoje me tornei voluntaria da Apae de Itatiba e faço odontologia com o objetivo de me especializar em pacientes especiais amo demais me dedicar a crianças como o meu filho!!!
Adorei ler seu artigo,talvez nunca tenha lido ou ouvido descrição tão coerente.Sou mãe de um menino especial com PC ,que está com 17anos,guerreiro e vencedor de diversas batalhas e sempre com um sorriso encantador e paciente.Tenho45anos sou médica pediatra e larguei tudo para me dedicar a ele, pois a necessidade exigia e o auxilio que eu precisava não tive. Gostaria de deixar gravado aqui que com ele sou muito feliz e agradeço a oportunidade de conviver com ele, agradeço cada minuto,só tenho mágoas dos que estão ao meu redor e não abrem mão de nada nen por ele nen por mim.Bjos
Relato da mãe de uma criança especial.
Ter um filho com uma deficiência ou uma criança especial, é como se você esperasse a vida inteira para conhecer Paris.
Até que finalmente chega a sua oportunidade.
Então você se prepara, arruma as malas, roupas novas, aprende a falar francês, compra livros e lê tudo o que encontra e que fala de PARIS.
Enfim, cria expectativas enormes, sobre tudo aquilo que você sempre ouviu falar da cidade luz.
E chega o dia tão esperado, você embarca em um avião e aguarda o momento da chegada.
No entanto no meio do caminho ocorre um imprevisto, o avião onde você está parte para a Holanda.
Ao chegar na Holanda, tudo é desconhecido, você não sabe nada sobre a terra, o povo, não fala a língua e o pior de tudo, não há possibilidades de voltar, pois tudo o que você tinha foi roubado, principalmente seus sonhos.
A Holanda passa a ser então a sua terra.
Aos poucos você vai adaptando-se á língua, ao povo, até que finalmente você descobre que mesmo não estando na tão sonhada Paris, a Holanda é especial e única.
Pois ela deu á você a oportunidade de descobrir-se, fortalicer-se como ser humano e é então que você faz a sua maior descoberta;SÓ NA HOLANDA EXISTEM TULIPAS.
De todas as flôres que existem a tulipa é aquela que requer maior cuidado e sua beleza é inigualável.
GABRIEL,amor da minha vida você será eternamente lembrado; da mamãe
VANIA com muito carinho.
Tenho certeza de você está sendo embalado nos braços de Maria, oro por você sempre.
Oie sou uma mãe especial,adorei seu artigo,realmente temos que ser muito forte,para não desabar,não por ter um filho especial,mas por ver muitas vezes eles sofrendo.Foram tantas vezes que desejei ta no lugar de minha pequena,poder aliviar sua dor,e em mim dói tanto,quando vejo sua dor;mas tenho que ser forte,chorar escondidinho para não passar nada de ruim para ela,sempre energias positivas.como filha mamãe ta aqui,fica tranquila logo estaremos em casa.são tantas internações.Meu amor por ela é tão grande,que para mim ela é uma benção,sempre peço a Deus que a mantenha entre nós,pois farei sempre o melhor por ela.
Oi sou mãe de um menino especial, sim é dificil....as vezes penso meu Deus como a gente é forte! Mas acho que não temos escolha temos que fazer algo lutar todos os dias. Pensar assim como penso... agora depois do meu Pedro, já que autismo não tem cura vamos melhorar oque temos....não posso curar ele, mas estou melhorando a mãe, voltando a estudar para ajudar.
ola so mãe de um menino lindo e especial mas não diferente dos direitos e deveres de um cidadão me sinto muito forte a cada dia que vejo ele sorrir pra mim a cada gesto eume fortaleçoo obg por vcs sempre estar ao lado dessas mães que tulam e das pessoas que buscam apoio vlw galera um abraçoo porque so essas crianças so elas sabem tocar letra da musicas que os anjos tocam porque elas sao especiais beijosss>>> katiana da rosa
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