28.10.06

Meu(s) sonho(s) possível(eis)

Os preparativos para a viagem à Roma têm me tomando certo tempo. E pra ficar mais divertido, temos ainda dois casamentos para ir, até lá. Dá pra imaginar a correria, né?

Well, o meu amigo Leonardo inventou a moda de confessarmos no blog os nossos mais profundos anseios, através do projeto Meu Sonho Possível. Tá bom, eu também achei que o título ficou a cara do Sílvio Santos. Alguém aí se lembra do "Portas da Esperança"??? Ué, quem sabe não vira um... Afinal, vai que o meu sonho de flanar por aí num Bugatti sensibilize os vossos corações e vocês não resolvam fazer uma vaquinha? OK: melhor um rebanho. E grande, por sinal.

Devaneios à parte...

Quando eu era pequena, sonhava em ser vigia de supermercado, porque achava que isso me daria o direito de comer todas as guloseimas disponíveis. E de grátis. Tudo bem, eu tinha 6, 7 anos, vamos dar um desconto.
Meu primeiro sonho do qual eu tenho lembrança foi uma boneca. Chamava-se "Meu Bebê" e, como o nome já diz, era um bebezinho careca com um fiapinho de cabelo preso numa fita rosa, todo fofo. Era vendido em três tamanhos, mas mamãe não tinha condições de comprar nem o mais "inho". Lógico que eu, pequenucha que era, não entendia bem isso. Daí que eu cheguei a ficar meio doente por causa do diacho da boneca. As amiguinhas que tinham levavam para eu brincar, mas quando iam embora a choradeira vinha acompanhada da febre. Criança tem dessas coisas. Lembro até hoje da felicidade que senti ao avistar aquele bonecão na caixa, atrás da porta de vidro da sala de nossa antiga casa. E mais: da emoção que fez mamãe esconder lágrimas atrás dos óculos. Descobri então o porque de tantas noites atravessadas em frente à máquina de costura. Ela pagou meu sonho com sua costura, seu sono e seu cansaço.

Depois eu desejei, e muito, ter uma bicicleta. Com oito anos de idade, eu mal parava em cima de uma. Foi a febre da Caloi Cross e de pular rampinha na rua de terra. Já eram tempos melhores e meu irmão ganhou a sua, toda cromada. Já as das meninas vinham com detalhes em rosa, um luxo. Então, eis que meu pai, de surpresa, me dá uma Cecizinha azul, com cestinha e tudo. Mas não há limites para um sonho: arranquei cestinha, pára-lamas, depenei a magrela e fui pular rampa. Caí, me esfolei toda, detonei (mais) a bendita Cecizinha e ainda tomei uns cascudos. Tudo sob os risinhos disfarçados do meu irmão, óbvio.

Quando era adolescelente, eu e uma amiga muito porra louca trabalhávamos numa revenda de computadores e passávamos as tardes idealizando o dia em que compraríamos as nossas Harley Davidson nas quais rodaríamos o país. Ver uma moto dessas, me faz lembrar do sonho dessa amiga, em ser aeromoça. Se atingiu sua meta, não sei, pois perdemos contato. Hoje eu desejaria bem mais termos continuado nossa amizade.

Mas a gente cresce e alguns sonhos crescem junto, outros ficam pelo caminho. O sonho da banda, de tocar na TV, de fazer sucesso foi um dos que deram em nada. Foi bom, tive o sucesso que a pequena cidade de 40 mil habitantes poderia me dar. Senti pelo meu irmão quando decidi descer do bonde, mas felizmente, ele não deixou a sua parte nesse sonho morrer. E eu ainda hei de ter o gosto de entrar numa loja para comprar um CD dele.

Sonho em morar numa casa, cercada de redes, com jardim e churrasqueira. Quem sabe com um ou dois labradores, mas daí seria exigir demais, principalmente do Jr que não é lá muito fã dos pulguentos.
Sonho em vencer o medo de aprender a nadar, em cozinhar de verdade, em fazer salto livre.
Sonho com a possibilidade de rever minha irmã, ou, pelo menos, descobrir o que de fato aconteceu.
Sonho com meu filho e meus sobrinhos gente feita, batalhando pelo seu espaço e vencendo. É, mas daí esse sonho já não depende só de mim.

Há sonhos que se tornam bem maiores do que seus sonhadores. E hoje posso dizer, sem sombra de dúvida, que meu maior sonho eu realizei no dia em que vi meu filho pela primeira vez.

Ainda restam alguns sonhos, pequenos objetos de desejo e realização. Desejo muito voltar a estudar, algo ligado à criação e artes visuais ou fotografia. Sonho em fazer mestrado, doutorado e tudo o que se tem direito. Voltar ao mercado de trabalho, mas do meu jeito, fazendo algo que eu realmente goste e que não me roube demais do meu filho e do meu marido. Sonho em melhorar a minha qualidade de vida, comer direito, praticar mais exercícios, ser mais saudável. Sonho em falar direito inglês e aprender mais um idioma. Sonho em envelhecer fazendo bolo para os netos e caminhar de mãos dadas com o Jr até meus últimos dias.

Nada de impossível. Pois impossível mesmo é não sonhar, não desejar, não querer.

Quem sabe a , a Yara, a Dani e o tio Sean não nos contam também os seus mais íntimos anseios???

E vamos abrir as Portas da Esperança!

20.10.06

A distância...

... traz saudades.
Nunca o esquecimento.

18.10.06

Quem tem boca - e cara de pau - vai à Roma

Alguém aí já foi à Roma com um bebê de onze meses?

Tô lendo o Guia Visual da Folha e o capítulo "Roma para Crianças" tem sido tão empolgante quanto uma caneca de chá de boldo.

Sem sanitários públicos = sem trocadores. Espero que ninguém se importe de eu trocar a fralda do Pipe na mesa do restaurante.
Afinal, quem não quer ver estrela não olha pro céu, uai.

17.10.06

Pensar na paz nunca é demais

Há alguns dias atrás recebi de uma amiga muito querida um e-mail de conteúdo um tanto inusitado. O texto, intitulado "Disparo Cósmico - Portal 818" fazia referência a um suposto evento que aconteceria hoje e que daria abertura a uma nova era. Segundo essa dona aqui, raios pulsantes (?) UV vindos de uma outra dimensão cruzariam a rota da terra atuando, a grosso modo, como um intensificador da força do nosso pensamento. Ou seja, nas palavras do texto: "O efeito será a ampliação de nossos pensamentos e emoções na intensidade de um milhão de vezes. Cada pensamento, cada emoção, todas as intenções, cada desejo, não importa se bom ou ruim, doente, positivo, negativo, será ampliado mais de um milhão de vezes na sua intenção."

De acordo com os espiritualistas, esse evento de hoje faz parte de um acontecimento maior, chamado "Transição Planetária", citado no budismo e na Cabala e seria o começo de um processo de revitalização do planeta terra, uma limpeza geral que acabaria somente em 2012.

(...)

Pensando bem, nosso planeta anda mesmo precisando de uma faxina geral. :o/

Bem amigos, eu não entendo necas de budismo, antroposofia, cabala então só sei que existe por causa da Madonna - desculpem-me a ignorância. Nem sei se essa prosa toda não passa de diálogo flácido para acalentar bovinos, mais uma lenda da internet.
Porém, algumas partes da mensagem me chamaram a atenção:
  • "Poderemos estar próximos de um milagre pela união do bem. Pedimos pensamentos positivos focados na cura, bem estar, delicadeza, gratidão."
  • "Esta é a nossa oportunidade de reavermos o que por direito nos pertence: PAZ, PROSPERIDADE para toda a TERRA e HUMANIDADE."

Independente dos tais "disparos cósmicos", taí uma boa oportunidade de mentalizar coisas boas, emanar bons fluidos, pensar e desejar tempos melhores para todos.

Ainda dá tempo: a tal abertura vai até 1:17 dessa madrugada.
Mas, os pensamentos positivos, esses tem prazo de validade interderminado e podem ser ministrados em livre demanda, além de ser de graça e só fazer bem. Para quem os recebe e mais ainda para quem os emana. Quer trem mais bão que esse?

15.10.06

Tá conservada, hein benhê?!

Meu irmão mais velho vai ser avô...
Mamãe será bisavó!!!
E eu tia-avó...

Tinha que sobrar pra mim, como sempre.

10.10.06

Quem canta seus males espanta

Domingo batizamos o Pipe. Acho que ele era o maiorzinho da turma, haviam muitos bebês, bem "inhos" mesmo. No banco de trás do nosso, havia um casal de gêmeas, lindas do alto dos seus três meses. Rosadas e rechonchudas em seus vestidinhos de babado. Logística com gêmeos é mais complicada, sempre tem que ter alguém por perto para dar aquele suporte. E eu que antes de ser mãe sonhava em ter gêmeos hoje sei como a natureza é sábia!

Enfim deu tudo certo e foi um dia muito especial, com direito a cantoria de improviso na varanda da Vó Cleusa. Rolou de tudo, desde bossa, MPB, samba, seresta, passando pelo bom e velho progressivo até desfechar num flamenco que o Padrinho tirou da manga quando resolveu mostrar que também entendia do riscado. E eu, que não sou boba nem nada, também arrisquei lá umas musiquinhas.

Mas o dia foi mesmo do Pipe: ele chegou cansado da igreja - que na temperatura mais se parecia com um forno de padaria visto por dentro - mas depois de um bom banho e de uma sonecona acordou de bateria nova. Brincou, engatinhou por todos os cantos possíveis e imagináveis, fez muita bagunça e muita pose. Dançou e bateu palminhas quando cantamos a música do Sítio pra ele. Na verdade, o Pai queria mesmo era que o Tio coruja cantasse o tema de abertura de Sinhá Moça, mas não estava no repertório... Ah, vocês não sabem? O Pipe AMA abertura de novela! Ele pára tudo o que está fazendo (até de chorar se for o caso), vira para a TV e dança (dança de neném, para quem não sabe, é ficar chacoalhando o tronco pra cima e pra baixo). A preferida dele é a das sete, "alô, alô marciano..." É uma figura esse meu filho.

5.10.06

Homens são de marte, mulheres são da José Paulino

Esqueçam meninos. Vocês jamais entenderão porque a palavra LIQUIDAÇÃO mexe tanto com as nossas cabeças. Desmembrem a dita cuja, invertam as letras, tentem encontrar uma simbologia cabalística na tal. Não vai dar em nada. Simplesmente porque vocês são homens e ponto.

Homem quando quer - corrigindo - quando precisa comprar um sapato preto, chega na loja, geralmente experimenta um modelo, estourando dois, leva e pronto. Básico. Racional.
Mal olha pra cara da vendedora, exceto se a moça for bonitinha. Escolhe sem pedir opinião, totalmente auto-suficiente.
Conosco é diferente. Não queremos somente uma sandália preta. Queremos A sandália preta. Plataforma, anabela ou salto agulha 3, 5, 15 centímetros. Preto fosco, de verniz ou acetinado. De fivelinha, de amarrar. E, em meio a vários - entenda-se três para cima - modelos, o test-drive é fundamental, assim como a opinião da platéia. Emocionais, democráticas.

Para nós mulheres, o verbo comprar é quase um estado de espírito. Necessita inspiração.
Tudo bem, admito então que já nascemos inspiradas. Mas e daí? Não existe uma só mulher nesse mundo, por mais despojada e desapegada que seja, que não compre um vestido bacana já pensando nos acessórios. Faz parte.

Passar por uma vitrine e descobrir que aquele vestido que você estava namorando há séculos está com um desconto de 40% não tem preço.
Entrar num jeans dois números abaixo do que você usava antes do regime é mais saboroso do que todas as sobremesas que você deixou de comer durante um mês inteirinho - juntas.
Trabalhar feito uma camela durante 30 dias e se dar um presente para estrear naquele encontro... Faz qualquer mulher se sentir uma diva. E não são aquelas da propaganda de sabonete.

É inerente à condição de fêmea se cuidar, querer ser/estar atraente, se adornar. Não diferente do reino animal, onde os exemplares do gênero feminino já nascem portando cores atrativas, penachos mil entre outras características que as diferem de seus machos, assim somos nós mulheres. Somente damos uma mãozinha para a mãe natureza.
Tirando as tendências de moda e o shopping center, é tudo igual: também buscamos cheiros que seduzam, cores que atraiam, modelos que nos valorizem as qualidades e escondam as imperfeições (santas listras!).

Mas ainda é complicado para os homens entender como uma mulher pode passar tanto tempo se arrumando. Dúvida perfeitamente aceitável já que vestir cueca, meia, calça, camisa, sapato, gravata e paletó não leva mais que dez minutos. Básicos, predefinidos.
Desconhecem que para nós mulheres, vestir é um ritual. É a escolha detalhista de cada peça. É o resultado do conjunto. E, caso não fique bom, pára e recomeça tudo de novo. Românticas, sonhadoras.

De minha parte, eu perdôo a todos os homens pela impaciência no shopping, pela ansiedade na sala de estar. Afinal, vocês homens são os maiores culpados disso tudo e nem se dão conta.

Se atrás de todo grande homem existe uma grande mulher, por trás de cada linda mulher que passar horas em frente ao espelho se embelezando, haverá um homem que foi capaz de inpirá-la a tal ponto que queira estar cada vez mais bela.

Para ele, bobinho.

Assim sendo, pense nisso da próxima vez que acompanhar sua namorada, esposa ou cacho (não necessariamente nessa mesma ordem) às compras.
Quando a impaciência bater, lembre-se: é pra você. Então sente-se, abra uma revista e espere pela recompensa.

2.10.06

Eleições

Você tem certeza de que o povo brasileiro sofre de memória fraca quando:
  • Fernando Collor consegue voltar a se eleger (e bem) como senador.
  • Sete, dos doze parlamentares acusados de terem recebido dinheiro do Valerioduto, mesmo assim conseguem garantir a sua boquinha na Câmara dos Deputados.
  • Paulo Maluf - aquele que reclamou da quentinha no xilindró - se elege como campeão de votos no estado de São Paulo.
  • A eleição não se definiu no primeiro turno, como decentemente deveria ter se definido.

Você tem certeza de que a maioria do povo brasileiro não consegue separar o joio do trigo quando vota e ainda por cima se amarra numa boa palhaçada:
  • Clodovil Hernadez - esse mesmo - se elege expressivamente como deputado federal mesmo depois de ter dito tanta asneira no horário político.

Em compensação, você sabe que ainda há esperança quando:

  • Dos males o menor, haverá um segundo turno e o da barba não faturou a eleição de primeira.
  • 92,1% dos candidatos sanguessugas cairam do cavalo (ou das costas do povo, como preferirem).

Odeio discutir política, mas fazer o quê se eu vivo me contrariando.
E viva a democracia.
:o/